quarta-feira, 4 de abril de 2012

Socorro!

Não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar

Nem pra rir


Arnaldo Antunes

Não estou uma boa companhia

Entre tantos momentos de angustia eu caço meus sorrisos sinceros.

Não sei até que ponto eu consigo. Um vazio que me enche de nada. Eu estou transbordando. Nenhum lugar é meu. Ninguém sou eu. Nenhuma paixão me atinge. 

Não há beleza. Não há desejos. 

Não, vazio, nada, nenhum, ninguém, nenhuma. Nunca me vi assim. Nunca não me encontrei. 

E ao me procurar, mergulho em mim. Uma busca interminável. Um isolamento inevitável. Caio de cabeça e poucas pessoas me seguram. Mal sabem elas que estão me salvando. Mal sabem elas que não deixam eu me afogar no meu desespero. 

Eu queria me segurar sozinha. 

Incapacidade. Solidão. Insegurança. Medo. Expectativa. Isso me prende. 

Quero ir embora e ficar quietinha num quarto, esperando o tempo passar. Só isso. Sem preocupar ninguém. Sem deixar que se ocupem me segurando. Não vale a pena.

Grandes devaneios...

Vou-me embora, mas não pra Pasárgada. 


terça-feira, 27 de março de 2012

Necessito de um ser, um ser humano
Que me envolva de ser
Contra o não ser universal, arcano
Impossível de ler


À luz da lua que ressarce o dano
Cruel de adormecer
A sós, à noite, ao pé do desumano
Desejo de morrer.


Necessito de um ser, de seu abraço
Escuro e palpitante
Necessito de um ser dormente e lasso


Contra meu ser arfante:
Necessito de um ser sendo ao meu lado
Um ser profundo e aberto, um ser amado.


Mário Faustino

segunda-feira, 26 de março de 2012

Quanto mais vazio, mais pesado

Não há vontades
Há a minha cama
Nem ela eu quero
Nem dela eu quero sair

Por um tempo
Eu não quero estar
Não quero ser
Não quero nem não querer

Nem escrever

Não há palavras

Silêncio

alguns suspiros





                                                                                                                           

                                                                                                                                 de açúcar, quem me dera

terça-feira, 20 de março de 2012

Um presente de um amigo

Ela nasceu para poucos e morre por quase ninguém. Tem uma leveza impecável e lança algo que se mistura paz com sorriso. Receita que só ela tem, que só ela sabe. Vem dela, é ela! 

Alexandre Barbosa

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Ah, menino..

Quero passar mais horas abraçada contigo sem nem saber quais são os limites do meu corpo e do seu.

E depois viajar, vez com a tua voz, vez com um baseado.

Desde já quando acordo e não encontro o teu olhar pequeno de sono ao meu lado sinto um incomodo. 

Pois que essa falta continue me incomodando e que eu possa saná-la na noite seguinte.

Pela minha janela estreita invade um barulho perturbador de gente.

Acendo um incenso e sua fumaça se mistura com a do meu cigarro me protegendo do cheiro escroto que as ruas exalam.

A cada tragada eu me livro do gosto insuportavelmente doce da futilidade e do desgosto da miséria - que almeja, tão inocente, ser doce de arranhar a garganta.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Como se fosse um relógio
Acendo mais um cigarro
Mas ele vai acabar
E você não vai aparecer.

Como se fosse um vício
Olho mais uma vez no relógio
Mas a agoniar vai continuar
E você não vai…