quarta-feira, 27 de julho de 2011

Lua e flor


3:45 a.m., mesmo com a escuridão do quarto e com meus olhos pesados, pude vê-lo. Estava aqui dividindo comigo nem um metro de uma cama de solteiro. Eu queria me aproximar mais ainda, a ponto que não houvesse uma lamina de ar entre nós dois. Eu só queria. 
Ele, que diz ser tão amargo e canalha, dormia com uma ternura invejável. Ternura essa que me roubou toda segurança e me deixou receosa, fiquei com medo de que ele desaparecesse. Confesso que também fiquei puta. Esse medo já seria o suficiente para que eu me definisse como apaixonada.
Quis deixá-lo assim e por mim, ficaria a noite toda o observando. Mas eu não podia, eu sentia o perigo. Eu não conseguiria controlar-me. Minhas mãos pediam para alisar seu rosto e eu precisava que meu coração se juntasse ao dele. 
E então eu percebi que realmente sabia demais e aqui não cabe nenhum “apesar”. Dele, eu queria inclusive os defeitos. Nunca encontrarei alguém que tenha um mau-humor tão insuportável e um abraço tão acolhedor.
Aproximei meus lábios sobre sua testa e quando senti sua respiração tão serena, desisti. Eu não podia ficar mais. Eu não aguento tanta tensão. Eu ia ceder e então, ele saberia que também não sou uma menina amarga como eu digo. Ele me veria fraca. Eu queria ficar perto, mas eu não tinha mais controle sobre mim. Filho da puta, até isso me tirou.
Ao mesmo tempo em que eu levantava da cama, ele deu um suspiro profundo e balbuciou alguns resmungões. Esses resmungões foram a gota d’água. Pronto, 3:46 a.m. e eu estava ali deitada sobre seu peito, vulnerável, débil, torcendo para que ele nunca fosse embora, e eu estava bem ali. 

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